segunda-feira, 22 de julho de 2013

Infinitamente... Victória!

Após um período de ausência...estou aqui hoje para partilhar a respeito de ocorrências que aconteceram na minha vida. O que vou relatar tem como objectivo, além de informar e alertar principalmente as gestantes, o de poder conseguir que seja alterado o procedimento que está acontecendo nos hospitais (dizem os médicos) do mundo inteiro. O que vivi: Após 1 semana de internamento de minha filha (1ª gravidez) por rotura de membrana e que seria por todo o tempo possível e desejável ao termo da mesma com sucesso, deu-se o que de pior se poderia esperar - No fim do dia 28 de Abril de 2013 …Novo contato a dizer que voltava a descer ao SU. Após entrada a médica em serviço dá-lhe as informações (que já conhecia) e que não vão investir na bebé…por tudo o que já havia dito, porque a gestante insistia em perguntar pelo que ia acontecer à bebé e por entender que a mesma “não estava a perceber o que estava a acontecer”, disse-lhe que iria chamar a neonatologista. Assim foi e lhe comunica o mesmo - todos os riscos e falta de possibilidade de sobrevivência de bebés com este tempo de gestação….e que, como não é considerado parto-é um aborto, não estará presente e que “a natureza vai intervir e seguirá o seu curso natural”. Aqui, a minha filha, pergunta de novo o que vão fazer com a bebé que está a mexer e que ouviram (ainda há pouco) o coração a bater? O que lhe vão fazer? A resposta foi: “que a natureza vai intervir e seguirá o seu curso natural…que estes bebés com este tempo, logo que lhes seja cortado o cordão umbilical, deixam de poder respirar entre 10 a 20 minutos” mesmo com reanimação. ...Senti que estavam a desistir…desistem racionalmente…desistem! Por mais explicações que dêem também nós sabemos de casos de sucesso com bebés de menor tempo (faltavam 2 dias para completar 23 semanas)---desistir porquê se havia sido realizada eco completa e que mostrou estar tudo normal? Desistir porquê, se não havia sinal evidente de deformação? …ficar à espera do fato consumado, é como assistir a uma injecção letal mas com o efeito prolongado de uma noite inteira… ..a angústia tomou conta de mim…a impotência de nada mais poder fazer dilacera-me. Apesar das tentativas, reais e mentais, para conseguir que “alguém” de opinião contrária pudesse ter chegado aquela sala e impedido aquele ato…senti-me uma incapaz (mutilada também espiritualmente) para o que quer que fosse, a não ser para me “dobrar” humilhada na mais pura essência espiritual e humana. Restou-me a fé (Deus esteve ali) a dada altura senti que estava aos pés da Cruz assistindo à morte de Jesus…como que se uma voz me perguntasse: Que está aí a fazer? …e eu tivesse respondido: - Estou à espera que “vá”… Pedi a Deus que enviasse o Seu Espírito e o fizesse pousar sobre a minha filha e o seu ventre e que, se já nada mais se podia fazer pela bebé, pelo menos a minha filha fosse salva…Depois veio uma paz, uma tranquilidade indescritível e, talvez por isso, quando a minha filha me sugeriu que eu fosse para casa descansar…eu lhe respondi (Deus assim quis), que eu estava a descansar na sala de espera E LÁ CONTINUEI ATÉ DE MANHÃ… Assim ficou toda a noite, só ocorrendo o parto pelas 8,45, de bebé ainda vivo que, sem apoio, acabou por morrer minutos depois. Até hoje pedem-me que aceite! Eu aceito que aconteceu (não estou em negação), só não aceito como aconteceu, acontece e vai continuar a acontecer se nada se fizer. Virei a aceitar espiritualmente que, por meio desta perda e por ter acontecido connosco e com maior e melhor reflexão, algo se fará de diferente num futuro que desejo bem próximo, porque, a cada gestação com “este tempo” as medidas aplicadas são sempre dentro da perspectiva de “não investirem nestes bebés” mesmo que sem malformação evidente e sem os verem fora do útero materno. Como posso (podemos) aceitar que, sem verem a bebé fora do ventre da mãe, tenham dado explicações referindo até o peso – “se pelo menos tivesse 500g…”quando recebemos uma carta do hospital referindo que (após o nascimento) tinha 520g??? Como se pode viver com isto? Como se pode viver com a “imagem” (que vimos e a minha filha sentiu) de que a bebé é deixada a debater-se, toda a noite, dentro do ventre e NINGUÉM lhe prestou ajuda pela decisão de não lha prestarem e por isso a nossa menina esteve em sofrimento (sentimos assim) e, pela manhã se percebeu que esteve (só Deus sabe durante quanto tempo) com a cabeça comprimida nos ossos da mãe? Isto é humano? É o melhor? Para quem? Não culpamos ninguém e nem nos sentimos culpados pelo parto prematuro/aborto, mas “abortar” assim, por decisão médica, era e é, algo que não queremos – temos fé, somos crentes e também por isso não lidamos bem com esta prática - Será que foi e é esta a “prática” adotada ou aconteceu algo que nos ultrapassa e ainda não nos deram as devidas explicações? Como se pode “fazer o luto” se esta prática é aplicada a TODOS os bebés nestas circunstâncias ? Porque acredito que “Deus...move o céu inteiro naquilo que o ser humano é incapaz de fazer. Mas não move uma palha naquilo que a capacidade humana pode resolver." Torna-se imperiosa a adoção de outros procedimentos! Sinto (sentimos) que precisamos fazer a nossa parte pelo nosso bem e, com humildade, pela humanidade. Sentimos que “nossa” Victória (demos-lhe esse nome desde o início da gravidez pelo que por 3 vezes esteve para acontecer) queria vir a este mundo e, não estamos errados, porque apesar de tudo, ela nasceu com vida. Cremos que “estes bebés” (estando vivos) precisam e merecem ser assistidos. Cremos que lhes deve ser dado o direito de nascer e a dignidade na morte. Porque acredito que, " O QUE FAZEMOS EM VIDA ECOA NA ETERNIDADE"; fico (ficamos) na fé de que Deus tenha a Victória e todos os bebés, no seu precioso cuidado e pedimos que ela nos perdoe pela nossa impotência por não termos conseguido melhor mas nos faça fazer melhor, de agora em diante, para descanso e amparo de todos. Tentarei obter apoios de médicos e demais pessoal da saúde para que possam ser alteradas estas medidas e comportamentos. Conto com a vossa melhor ajuda! Muito grata! Alzira G.

2 comentários:

Unknown disse...

Partilho o texto da minha filha na página do facebook de Soube esta semana que, por ti, nunca mais nenhuma mãe sairá do HSJ sem que o seu filho lhe seja colocado nos braços (salvo se assim não quiserem, mas serão aconselhadas a fazê-lo).
Não te traz de volta, não nos leva de volta a esse momento que imagino ser difícil, mas mágico, que palavras não há para descrever senão vivê-lo.
Conforta-me um pouco mais o coração, perceber o teu propósito para os outros.
Para mim és o que és, desde o primeiro momento. A minha primeira filha"

Unknown disse...

...na página de Victória - Prematura de 23 semanas